quinta-feira, 23 de julho de 2015

Fígado Acebolado



Hoje eu fui almoçar no restaurante no qual sempre almoço quando estou trabalhando. Aí, dentre as outras opções do menu, me deparei com o fígado acebolado, comida que não curtia muito quando era criança, mas hoje em dia gosto. Gosto tanto que coloquei no prato. Mas aí lembrei de uma coisinha...

Meus contemporâneos devem lembrar do desenho animado Doug, que passou na TV Cultura e no SBT pelos idos dos anos 1990-2000. Pois bem. Tem um episódio em que Doug é convidado para almoçar (ou jantar? não lembro bem) na casa de Patty Maionese (sua colega de escola e grande paixão platônica). Mas não me lembro bem, ele fica com a ideia de que no almoço/jantar vai rolar fígado acebolado. E tem um problema bem grande: ELE ODEIA FÍGADO ACEBOLADO!

O episódio centra-se na tentativa de Doug em achar uma alternativa para isso: como ir ao almoço sem rejeitar o suposto prato principal que ele detesta. E ele chega ao ponto de experimentar o prato e gosta. Mas, no fim das contas, não rolou nenhum fígado, muito menos com cebola.

O grande lance da história foi o fato de Doug ter feito de tudo para mostrar à sua paixão algo que não era verdade, só para impressioná-la e conquistá-la. Da mesma maneira, na vida real, a gente faz tanta coisa para agradar os outros - desde aquele cara que você está super afim e acha o máximo até aquela turma aparentemente bacana da qual você quer fazer parte - você inventa mil coisas mirabolantes para mostrar aos outros algo que definitivamente você NÃO É.

Isso é muito claro na adolescência, quando a gente ainda está formando a nossa identidade e tem medo de ficar isolado no mundo - pelo menos a maioria das pessoas tem esse medo. Só que nesse processo, você passa a fazer coisas que não são de sua personalidade, acaba colocando uma espécie de máscara.

Não vou mentir: eu fiz muito isso quando era mais nova. A minha necessidade de pertencimento era muito grande e valia quase tudo para fazer parte da turma. Hoje, vejo que nada disso era necessário e que eu deveria ter me poupado mais. Mas, enfim, agora é tarde. Se eu pudesse voltava no tempo e daria umas dicas à minha versão mais nova. Certamente poderia funcionar. Ou não.

Enfim, o lance é que, quando se trata de conquistar alguém, o importante é ser você mesmo, naquilo de melhor que há em você, claro. Você não precisa tentar ser quem você não é. O cara certo cara que vai lutar para dar certo vai gostar de você exatamente do seu jeito. Quem não gosta é porque não é para estar com você. Acredite: paixões platônicas só servem para fazer a pessoa se diminuir e para colocar o outro num pedestal no qual muitas vezes não merece. Mas aí é outra história...

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