sexta-feira, 12 de abril de 2013

Debates infelizes



Pensei muitas vezes no que eu iria escrever, porque sei bem as consequências de se escrever algo e repercutir de forma ruim. Lógico que não vou ficar me preocupando com o que os outros pensam, mas também não quero escrever qualquer coisa apenas para que a minha voz possa ecoar na multidão. É preciso expor ideias com responsabilidade também.

Debates sempre existiram. Remontam a tempos antes de Cristo, inclusive. No entanto, hoje eles parecem bem mais comuns, porque agora podem ser vistos por mais pessoas - e muito mais pessoas podem participar do debate também.

Não é só a internet. É o Facebook, certamente a rede social online mais conhecida da atualidade, tornou-se cenário para debates. Pode-se dizer que no Orkut também ocorriam, mas eles ficavam restritos às comunidades e seus participantes, correto? Agora, qualquer pessoa que acessa o Facebook pode participar de um desses debates e até mesmo criar um.

Eu já criei alguns, inclusive. E nem foi tão proposital. Teve um que me chocou muito, relativo a - do ponto de vista cristão - se pode ou não pode usar tatuagem. Pelo nível das conversas, eu não tenho certeza se as pessoas leram o artigo. Elas despejaram suas opiniões - algumas de forma um pouco grosseira, na minha opinião, desculpe amigos - e achei que o negócio não ia mais ter fim. 

O mais recente - quentíssimo, por sinal, foi referente a isto aqui: A cultura do estupro gritando - e ninguém ouve. O assunto reverberou bastante. Desta vez, os comentários foram mais interessantes, buscaram até outro artigo como fonte. Legal.

Mas, o que nas últimas semanas continua pegando fogo mesmo é o deputado e pastor Marco Feliciano presidir a Comissão de Direitos Humanos na Câmara, pois o mesmo vem sendo acusado de racismo e homofobia. Eu não vou entrar no mérito dessa história, ela é apenas uma ilustração desse artigo, mas gostaria de discutir sobre os debates que têm ocorrido sobre o assunto nas redes sociais online. 

Como diz o baiano: Rapaz, o pessoal não sabe debater não! Primeiro, porque parece que você é acuado a ter um posicionamento rápido sobre o assunto. Nem sempre isso é possível, sabe. Às vezes, sabemos bem de uma coisa e podemos expor nossa opinião. Em outros momentos, é preciso conhecer mais, pesquisar a fundo, decidir e, só aí, expor. No entanto, numa sociedade no qual tudo é "pra ontem", é preciso se posicionar logo, mesmo que seja pra falar/escrever algo sem noção. 

Segundo, o pessoal não respeita a opinião do outro. E isso não é só nesse debate não, é em todos! O pessoal não curte muito a ideia de Voltaire: "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o ultimo instante seu direito de dizê-la.". E não sabem ouvir/ler! Ou melhor, nem leem, já saem criticando. E haja ruído na comunicação!

Sabe a pior forma de não deixar o outro se expressar? Paul Valéry colocou em uma frase algo muito significativo pra mim: "Quem não pode atacar o argumento ataca o argumentador". Escrevo isso com bastante convicção, pois já sofri com isso. Expus uma opinião, mas algumas pessoas não gostaram e, como não tinham argumentos para tal, resolveram me agredir, não fisicamente, mas verbalmente. Infelizes. Acharam que poderiam me desestabilizar, mas preferi excluir todo o debate e ficar em paz. É o melhor a se fazer, às vezes. Não vale a pena debater com pessoas assim.

Em tempos de debates pela internet, vejo que falta muita informação. Irônico, já que, hoje em dia, é muito fácil obter dados do que no século passado. Mas a pressa e a preguiça imperam, então é melhor colocar qualquer coisa, segundo eles. Pior do que isso, vejo falta de tolerância - palavrinha batida nos tempos atuais, mas só da boca pra fora mesmo, porque as pessoas têm usado essa palavra encostada com outra, chamada conveniência. 

Ficar calado pode significar que você é desatento, lerdo ou desinteressado. Mas, para mim, muitas vezes, especialmente na internet, tem significado esperar o momento certo para dizer algo relevante e interessante, sem atacar a figura do outro. 

2 comentários:

Alessandra de Amorim disse...

Muito interessante esse assunto.Recentemente sofri na pele por expressar minha opinião no facebook sobre um determinado assunto. Eu posso não concordar,mais tenho a obrigação de respeitar a opinião do outro.Excelente texto.Parabéns!!!

Lidiane Ferreira disse...

Eu sei como é isso, Alê. Muitas vezes, as pessoas se escondem atrás da tela de um computador para humilhar os outros. As opiniões precisam ser respeitadas, porque as pessoas precisam ser respeitadas. Obrigada e beijos!!