sexta-feira, 13 de junho de 2008

É preciso não esquecer nada

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta
nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta

nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,

o nosso nome,
o som da nossa voz,
o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,

a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,

vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.

Cecília Meirelles

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