sábado, 19 de janeiro de 2008

Sombras, luz, imaginar

Coisa divertida era quando faltava luz aqui em casa... Há uns dez anos ou mais, quando chovia ou quando "estourava o transformador" como dizia meu pai. Primeiro ouvíamos gritos - de susto, de brincadeira - e aí ficava tudo escuro. Eu sempre me assustava. O legal era quando tinha lua cheia, aquela luz lunar iluminava um pouco a rua.

Velas. Uma, duas, três, quantas fossem necessárias. E eu passava meu dedo indicador rapidamente pela chama, como mágica, não me queimava. Ou brincava com as sombras...

Pomba, cachorro, coelho, caracol... os animais invadiam a parede da sala e ganhavam vida pelas sombras formadas a partir da luz das velas e das mãos. E de repente eu imaginava, eu brincava com minha irmã daquilo. Era tão bom! E passávamos um tempo rindo e brincando. E conversando.

Ainda tinha o radinho de pilha que sintonizava em canais de TV, mas só conseguíamos ouvir os sons e vozes, então tentávamos imaginar o que estaria passando na tela.

As luzes se acendiam e ouvíamos mais gritos - de tristeza, de alegria, quem sabe? - e aí voltávamos para nossa vida normal, ligávamos a TV e assistíamos.

Às vezes a luz insistia em faltar de novo, às vezes tínhamos que esperar até a próxima chuva, o próximo estouro do transformador...

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